segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Eu não tenho medo do escuro

Quando criança eu dormia coberta até a cabeça e os pés porque tinha medo de alguma coisa me puxar por eles. Eu achava que o escuro abrigava alguma coisa que me faria mal. Acreditava no mal personificado, acho que a religião e os filmes de ficção fazem isso.
Eu me lembro que quando começando na adolescência e em uma dessas respostas malcriadas que gente dessa idade fala. Lembro que era entardecer, estava no meu quarto, daí a minha vó trancou a casa toda comigo lá dentro e desligou o relógio. Eu gritei uns cinco minutos e ouvia os vizinhos falando com ela que deveria estar na porta. Daí eu tive a ideia que toda criança tem e deitei na cama e mesmo no calor sem nenhum ventilador eu me cobri toda. Não sei se foi o medo ou a desidratação mas só sei que dormi e acordei no dia seguinte. Um tempo depois minha mãe faleceu e depois de um dia exausto e quando todos haviam ido embora fui dormir. Mas o medo de dormir sozinha me tomou. Talvez com medo de minha mãe puxar meu pé dormindo (Haha!), mas o medo de estar no escuro e dormir sozinha me tomou. Pedi para minha vó dormir comigo, já que éramos só nós duas, mas o namorado dela havia vindo e minha vó não era alguém muito sentimental com a laços familiares. Então liguei o ventilador, encarei o escuro sozinha e pela primeira vez descobri que os olhos se acostumam com pouca claridade. Daí então sempre que fico no escuro primeiro eu tento me acostumar com a falta de luz para depois ver onde estou e tudo fica bem. Sobre o medo de alguma mal personificado pegar meu pé ou coisa assim, na adolescência eu assisti muito filme de terror e virei tipo uma expert, então não dava mais para acreditar em tantas bobagens. E com o passar do tempo eu perdi a esperança religiosa, então não acredito no mal personificado.
O importante talvez é que de alguma maneira sempre crio minha própria proteção, talvez por sempre ser sozinha. É desesperador não ter ninguém, mas acho que estar assim melhora suas habilidades.
Hoje, fico mais confortável no escuro. Virou um tipo de lugar preferido, onde eu sei estar e as outras pessoas tem medo.